E já acabaram as provas da existência de Deus? E o reino vegetal? e o reino animal ? Não nos metem eles eloquentemente pelos olhos dentro a necessidade de uma vida que não teve princípio, infinita?
O homem sobretudo, que em si condensa e completa o universo, é a mais retumbante prova da existência de Deus; é um novo céu a cantar muito mais alto que as estrelas, a glória do Criador. Porque além de dizer o mesmo e melhor que qualquer outro ser, diz mais. Como é inteligente e espiritual quanto à alma, afirma a existência duma inteligência e de um espírito infinito. Como é vontade livre, atesta que há uma vontade soberana, omnipotente.
Depois, as suas aspirações, nunca saciadas nesta vida, de verdade e felicidade exigem a existência de uma verdade plena, mais além; de uma felicidade plena, mais além. Por outro lado, no homem há uma lei que se lhe impõe a todo o momento, quer viva só, quer acompanhado: lei que lhe brada lá dentro na consciência, a cada instante, que o bem se deve praticar, o mal evitar. E como não foi ele que se impôs a si mesmo esta lei, porque então poderia revogá-la a seu talante, conclui-se que há um Supremo Legislador, o Autor da natureza humana: Deus.
Em vista de tantas provas óbvias e ao alcance de todos, que admira, se lhe venha juntar ainda outra: o consenso universal de todos os povos na existência de um Ser Supremo a quem todos os homens estão sujeitos? Sim: que insignificante o número dos que através das idades se lembraram de gritar que não há Deus, se os cotejarmos com os que afirmam a Deus?! No coro universal da humanidade essas vozes diluem-se de tal modo que mal chegam a desafinar no conjunto, ninguém nega a Deus — concluía Santo Agostinho — a não ser aquele a quem convinha que não existisse» [1]. Até Rousseau confirmava «que se alguém se esforça por rejeitar a existência de Deus é porque os seus costumes lho fazem temer» e dizia também: «ponde a alma em estado desejar que haja Deus e já não duvidareis da sua existência» [2].
[1] Tract., 70, in Joan.
[2] Cit. por Mgr. Rutten, Bispo de Liége, na Semaine religieuse de Namur.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
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