AS CINCO VIAS DE S. TOMÁS DE AQUINO
As vias de S. Tomás para provar a existência de Deus (que temos intenção de colocar aqui) partem da mais elementar experiência humana: do movimento, da causalidade, da fragilidade (contingência) das coisas, dos graus do ser, da finalidade que se reconhece no mundo. Por outro lado, os estudiosos continuam a aceitá-las, sinal de que a genialidade do seu autor conseguiu colocá-las para lá das limitações da ciência sua contemporânea. Todavia não se pode ignorar que elas assentam numa linguagem filosófica de raiz aristotélica e por isso seria ilusão pensar que o leitor comum lhes percebe de imediato todo o sentido.
É importante poder provar a existência de Deus a partir da realidade mundana, pois isso significa que o mesmo Deus deixou sinais de si na sua obra: é isso que tem levado todos os Santos a cantar as maravilhas da criação. Lembre-se o salmo XIX que proclama que «os céus cantam a glória de Deus» e outros textos bíblicos como o Benedicite, o Canto do Sol de S. Francisco de Assis e textos de tantos outros homens e mulheres que se extasiaram na contemplação das maravilhas criadas.
Na Internet, é fácil de rastrear reflexões sobre as Cinco Vias. Eis um pouco do encontrámos na nossa breve busca:
Em inglês: http://uk.geocities.com/frege@btinternet.com/ontological/aquinasontological.htm
Em espanhol: http://200.16.86.50/digital/DERISI/DERISI-articulos/Derisi4-4.pdf
Em português: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/estudo/provas-da-existencia-de-deus.html
Em francês: http://www.salve-regina.com/Catechisme/Synthese_des_preuves_de_Dieu.htm
Em alemão: http://www.hoye.de/gott/gb5viae.pdf
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
domingo, 27 de janeiro de 2008
A EXISTÊNCIA DE DEUS - 08
A EXISTÊNCIA DE DEUS NUMA ELEGIA DE LUÍS DE CAMÕES
No começo da elegia À Paixão de Cristo, Nosso Senhor, tem Luís de Camões estes versos que são um convite a descobrir Deus através da Criação; chama-Lhe um «altíssimo Ser, puro e divino, / que tudo pode, manda, move e cria» e «um Padre (Pai) grande».
Se quando contemplamos as secretas
causas por que o mundo se sustenta,
o revolver dos céus e dos planetas;
e se quando à memória se apresenta
este curso do Sol, que é tão medido
que um ponto só não mingua nem se aumenta;
aquele efeito, tarde conhecido,
da Lua, em ser mudável tão constante
que minguar e crescer é seu partido;
aquela natureza tão possante
dos céus, que tão conformes e contrários
caminham, sem parar um breve instante;
aqueles movimentos ordinários,
a que responde o tempo, que não mente,
cos efeitos da terra necessários;
se quando, enfim, revolve subtilmente
tantas coisas a leve fantasia,
sagaz, escrutadora e diligente;
vê bem, se da razão se não desvia,
o altíssimo Ser, puro e divino,
que tudo pode, manda, move e cria;
sem fim e sem começo, um ser contino;
um Padre grande, a quem tudo é possível,
por mais árduo que seja ao homem indino;
um saber infinito, incompreensível;
üa verdade que nas coisas anda,
que mora no visível e invisível.
No começo da elegia À Paixão de Cristo, Nosso Senhor, tem Luís de Camões estes versos que são um convite a descobrir Deus através da Criação; chama-Lhe um «altíssimo Ser, puro e divino, / que tudo pode, manda, move e cria» e «um Padre (Pai) grande».
Se quando contemplamos as secretas
causas por que o mundo se sustenta,
o revolver dos céus e dos planetas;
e se quando à memória se apresenta
este curso do Sol, que é tão medido
que um ponto só não mingua nem se aumenta;
aquele efeito, tarde conhecido,
da Lua, em ser mudável tão constante
que minguar e crescer é seu partido;
aquela natureza tão possante
dos céus, que tão conformes e contrários
caminham, sem parar um breve instante;
aqueles movimentos ordinários,
a que responde o tempo, que não mente,
cos efeitos da terra necessários;
se quando, enfim, revolve subtilmente
tantas coisas a leve fantasia,
sagaz, escrutadora e diligente;
vê bem, se da razão se não desvia,
o altíssimo Ser, puro e divino,
que tudo pode, manda, move e cria;
sem fim e sem começo, um ser contino;
um Padre grande, a quem tudo é possível,
por mais árduo que seja ao homem indino;
um saber infinito, incompreensível;
üa verdade que nas coisas anda,
que mora no visível e invisível.
sábado, 26 de janeiro de 2008
A EXISTÊNCIA DE DEUS - 07
A EXISTÊNCIA DE DEUS PROVADA PELAS OBRAS DA CRIAÇÃO
Dois sonetos de Bocage
Bocage é um poeta muito maltratado. Esquece-se o seu melhor, que é a limpidez de intenções da sua última fase, a adesão sincera ao Cristianismo, o seu arrependimento alto e bom som proclamado: «saiba morrer o que viver não soube». Até porque o que na sua poesia não é isto era para rasgar: «rasga meus versos, crê na eternidade!».
A este soneto, «A existência de Deus provada pelas obras da criação», acrescento, como um complemento, o «Hino a Deus».
Os milhões de áureos lustres coruscantes
Que estão da azul abóbada pendendo:
O Sol e a que ilumina o trono horrendo
Dessa que amima os ávidos amantes:
As vastíssimas ondas arrogantes,
Serras de espuma contra os céus erguendo,
A leda fonte humilde o chão lambendo,
Lourejando as searas flutuantes:
O vil mosquito, a próvida formiga,
A rama chocalheira, o tronco mudo,
Tudo que há Deus a confessar me obriga:
E para crer num Braço, autor de tudo,
Que recompensa os bons, que os maus castiga,
Não só da fé, mas da razão me ajudo.
HINO A DEUS
Pela voz do trovão corisco intenso
Clama que à Natureza impera um Ente,
Que cinge do áureo dia o véu ridente,
Que veste da atra noite o manto denso:
Pasmar na imensidade, é crer o imenso;
Tudo em nós o requer, o adora, o sente;
Provam-te olhos, ouvidos, peito e mente?
Númen, eu ouço, eu olho, eu sinto, eu penso!
Tua ideia, ó Grão-Ser, ó Ser divino,
Me é vida, se me dão mortal desmaio
Males que sofro e males que imagino:
Nunca impiedade em mim fez bruto ensaio;
Sempre (até das paixões no desatino)
Tua clemência amei, temi Teu raio.
Na imagem: estátua de Bocage em Setúbal, sua terra natal.
Dois sonetos de Bocage
Bocage é um poeta muito maltratado. Esquece-se o seu melhor, que é a limpidez de intenções da sua última fase, a adesão sincera ao Cristianismo, o seu arrependimento alto e bom som proclamado: «saiba morrer o que viver não soube». Até porque o que na sua poesia não é isto era para rasgar: «rasga meus versos, crê na eternidade!».
A este soneto, «A existência de Deus provada pelas obras da criação», acrescento, como um complemento, o «Hino a Deus».
Os milhões de áureos lustres coruscantes
Que estão da azul abóbada pendendo:
O Sol e a que ilumina o trono horrendo
Dessa que amima os ávidos amantes:
As vastíssimas ondas arrogantes,
Serras de espuma contra os céus erguendo,
A leda fonte humilde o chão lambendo,
Lourejando as searas flutuantes:
O vil mosquito, a próvida formiga,
A rama chocalheira, o tronco mudo,
Tudo que há Deus a confessar me obriga:
E para crer num Braço, autor de tudo,
Que recompensa os bons, que os maus castiga,
Não só da fé, mas da razão me ajudo.
HINO A DEUS
Pela voz do trovão corisco intenso
Clama que à Natureza impera um Ente,
Que cinge do áureo dia o véu ridente,
Que veste da atra noite o manto denso:
Pasmar na imensidade, é crer o imenso;
Tudo em nós o requer, o adora, o sente;
Provam-te olhos, ouvidos, peito e mente?
Númen, eu ouço, eu olho, eu sinto, eu penso!
Tua ideia, ó Grão-Ser, ó Ser divino,
Me é vida, se me dão mortal desmaio
Males que sofro e males que imagino:
Nunca impiedade em mim fez bruto ensaio;
Sempre (até das paixões no desatino)
Tua clemência amei, temi Teu raio.
Na imagem: estátua de Bocage em Setúbal, sua terra natal.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
A EXISTÊNCIA DE DEUS - 06
Acabo hoje de colocar neste blogue o texto do P.e Mariano Pinho. Junto à mensagem a sua fotografia.
A toda esta multidão de provas quis Deus ajuntar outras de ordem superior, mais eficazes e convincentes, para que ninguém tenha desculpa da sua ignorância. Veio em auxílio da razão que tão facilmente se obnubila, com a revelação sobrenatural, com milagres, com profecias; veio Ele mesmo em pessoa à terra a encarnar, feito Deus-conosco, para que o pudéssemos ouvir, conversar e tratar e ao ausentar-se, deixou como testemunho imorredoiro da sua passagem pela terra e com missão de continuar a ensinar a sua doutrina, a Igreja.
A Igreja! Ela aí está a dizer, melhor que nenhuma outra obra na terra, que Deus existe; e lança à impiedade de todos os tempos este desafio: Destruí-me, se sois capazes! Em vão o tentareis; fez-me Deus indestrutível, para através de todos os tempos e de todas as nações ficar a ensinar bem alto ao mundo quem é Deus.
Há uns cinquenta anos morria em Innsbruck um distinto Professor da Universidade. No leito da agonia expressava: «agora vou morrer; morro porém como católico fiel à Fé e à Igreja». Depois de recebidos os sacramentos, acrescentou: «sabedoria, honra, brilho, riqueza tudo isso é nada sem a fé; tudo isso é nada, se não vem de Deus e se não volta para Deus. Só a fé mantém o homem direito na vida e na morte e isto vale para os particulares e vale sobretudo para as famílias» [1].
No dia do nosso baptismo perguntaram-nos: «Crês num só Deus?» Creio! responderam por nós os padrinhos. Chegada a primeira comunhão solene repetiram-nos a pergunta e respondemos já por nós mesmos: Creio!
Hoje, hora de impiedade e de crime em que se divide o mundo em dois partidos: os que são por Deus e os que são contra Deus, põe-se-nos de novo e urgentemente a interrogação: Crês num só Deus? A resposta tem que ser um grito da alma e de todo o nosso ser; um brado que ecoe na terra toda como um protesto e suba ao céu em acto solene de reparação à glória de Deus ultrajada: Credo: Creio!
[1] Presspredigen, 4 Helft, 1913.
A toda esta multidão de provas quis Deus ajuntar outras de ordem superior, mais eficazes e convincentes, para que ninguém tenha desculpa da sua ignorância. Veio em auxílio da razão que tão facilmente se obnubila, com a revelação sobrenatural, com milagres, com profecias; veio Ele mesmo em pessoa à terra a encarnar, feito Deus-conosco, para que o pudéssemos ouvir, conversar e tratar e ao ausentar-se, deixou como testemunho imorredoiro da sua passagem pela terra e com missão de continuar a ensinar a sua doutrina, a Igreja.
A Igreja! Ela aí está a dizer, melhor que nenhuma outra obra na terra, que Deus existe; e lança à impiedade de todos os tempos este desafio: Destruí-me, se sois capazes! Em vão o tentareis; fez-me Deus indestrutível, para através de todos os tempos e de todas as nações ficar a ensinar bem alto ao mundo quem é Deus.
Há uns cinquenta anos morria em Innsbruck um distinto Professor da Universidade. No leito da agonia expressava: «agora vou morrer; morro porém como católico fiel à Fé e à Igreja». Depois de recebidos os sacramentos, acrescentou: «sabedoria, honra, brilho, riqueza tudo isso é nada sem a fé; tudo isso é nada, se não vem de Deus e se não volta para Deus. Só a fé mantém o homem direito na vida e na morte e isto vale para os particulares e vale sobretudo para as famílias» [1].
No dia do nosso baptismo perguntaram-nos: «Crês num só Deus?» Creio! responderam por nós os padrinhos. Chegada a primeira comunhão solene repetiram-nos a pergunta e respondemos já por nós mesmos: Creio!
Hoje, hora de impiedade e de crime em que se divide o mundo em dois partidos: os que são por Deus e os que são contra Deus, põe-se-nos de novo e urgentemente a interrogação: Crês num só Deus? A resposta tem que ser um grito da alma e de todo o nosso ser; um brado que ecoe na terra toda como um protesto e suba ao céu em acto solene de reparação à glória de Deus ultrajada: Credo: Creio!
[1] Presspredigen, 4 Helft, 1913.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
A EXISTÊNCIA DE DEUS - 05
E já acabaram as provas da existência de Deus? E o reino vegetal? e o reino animal ? Não nos metem eles eloquentemente pelos olhos dentro a necessidade de uma vida que não teve princípio, infinita?
O homem sobretudo, que em si condensa e completa o universo, é a mais retumbante prova da existência de Deus; é um novo céu a cantar muito mais alto que as estrelas, a glória do Criador. Porque além de dizer o mesmo e melhor que qualquer outro ser, diz mais. Como é inteligente e espiritual quanto à alma, afirma a existência duma inteligência e de um espírito infinito. Como é vontade livre, atesta que há uma vontade soberana, omnipotente.
Depois, as suas aspirações, nunca saciadas nesta vida, de verdade e felicidade exigem a existência de uma verdade plena, mais além; de uma felicidade plena, mais além. Por outro lado, no homem há uma lei que se lhe impõe a todo o momento, quer viva só, quer acompanhado: lei que lhe brada lá dentro na consciência, a cada instante, que o bem se deve praticar, o mal evitar. E como não foi ele que se impôs a si mesmo esta lei, porque então poderia revogá-la a seu talante, conclui-se que há um Supremo Legislador, o Autor da natureza humana: Deus.
Em vista de tantas provas óbvias e ao alcance de todos, que admira, se lhe venha juntar ainda outra: o consenso universal de todos os povos na existência de um Ser Supremo a quem todos os homens estão sujeitos? Sim: que insignificante o número dos que através das idades se lembraram de gritar que não há Deus, se os cotejarmos com os que afirmam a Deus?! No coro universal da humanidade essas vozes diluem-se de tal modo que mal chegam a desafinar no conjunto, ninguém nega a Deus — concluía Santo Agostinho — a não ser aquele a quem convinha que não existisse» [1]. Até Rousseau confirmava «que se alguém se esforça por rejeitar a existência de Deus é porque os seus costumes lho fazem temer» e dizia também: «ponde a alma em estado desejar que haja Deus e já não duvidareis da sua existência» [2].
[1] Tract., 70, in Joan.
[2] Cit. por Mgr. Rutten, Bispo de Liége, na Semaine religieuse de Namur.
O homem sobretudo, que em si condensa e completa o universo, é a mais retumbante prova da existência de Deus; é um novo céu a cantar muito mais alto que as estrelas, a glória do Criador. Porque além de dizer o mesmo e melhor que qualquer outro ser, diz mais. Como é inteligente e espiritual quanto à alma, afirma a existência duma inteligência e de um espírito infinito. Como é vontade livre, atesta que há uma vontade soberana, omnipotente.
Depois, as suas aspirações, nunca saciadas nesta vida, de verdade e felicidade exigem a existência de uma verdade plena, mais além; de uma felicidade plena, mais além. Por outro lado, no homem há uma lei que se lhe impõe a todo o momento, quer viva só, quer acompanhado: lei que lhe brada lá dentro na consciência, a cada instante, que o bem se deve praticar, o mal evitar. E como não foi ele que se impôs a si mesmo esta lei, porque então poderia revogá-la a seu talante, conclui-se que há um Supremo Legislador, o Autor da natureza humana: Deus.
Em vista de tantas provas óbvias e ao alcance de todos, que admira, se lhe venha juntar ainda outra: o consenso universal de todos os povos na existência de um Ser Supremo a quem todos os homens estão sujeitos? Sim: que insignificante o número dos que através das idades se lembraram de gritar que não há Deus, se os cotejarmos com os que afirmam a Deus?! No coro universal da humanidade essas vozes diluem-se de tal modo que mal chegam a desafinar no conjunto, ninguém nega a Deus — concluía Santo Agostinho — a não ser aquele a quem convinha que não existisse» [1]. Até Rousseau confirmava «que se alguém se esforça por rejeitar a existência de Deus é porque os seus costumes lho fazem temer» e dizia também: «ponde a alma em estado desejar que haja Deus e já não duvidareis da sua existência» [2].
[1] Tract., 70, in Joan.
[2] Cit. por Mgr. Rutten, Bispo de Liége, na Semaine religieuse de Namur.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
A EXISTÊNCIA DE DEUS - 04
E então a nossa razão, perscrutando o porquê de toda a esta criação maravilhosa, ouve também e sobretudo que os céus anunciam a Bondade de Deus!
E o coração sente-se forçado a amá-lo.
Uma tradutora francesa das obras de Darwin enviava-lhe os parabéns por ele ter suprimido em sua evolução a ideia da criação. Não sabia que Darwin escrevera: «eu nunca fui ateu nem neguei nunca a existência de Deus»! O filósofo respondeu-lhe: «a teoria da evolução é perfeitamente compatível com a crença em Deus. A impossibilidade de conceber que este grande e admirável universo, com o nosso eu consciente, apareceu por acaso, parece-me o argumento principal da existência de Deus» [1].
[1] Cfr. D'Herbigny, Théologie du Révélé.
E o coração sente-se forçado a amá-lo.
Uma tradutora francesa das obras de Darwin enviava-lhe os parabéns por ele ter suprimido em sua evolução a ideia da criação. Não sabia que Darwin escrevera: «eu nunca fui ateu nem neguei nunca a existência de Deus»! O filósofo respondeu-lhe: «a teoria da evolução é perfeitamente compatível com a crença em Deus. A impossibilidade de conceber que este grande e admirável universo, com o nosso eu consciente, apareceu por acaso, parece-me o argumento principal da existência de Deus» [1].
[1] Cfr. D'Herbigny, Théologie du Révélé.
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
A EXISTÊNCIA DE DEUS - 03
Convém saber que o P.e Mariano, que foi um exilado da Primeira República, estudou em países como a Espanha, a Bélgica, a Áustria e a França. Era um homem muito culto. Pode-se verificar isto no site que lhe é dedicado em: http://causapadrepinho.home.sapo.pt/.
Mas não nos dizem, por isso, só que Deus existe, mas dizem-nos também quem Ele é. Dizem-nos que é Inteligência suma.
Um capitão de navio, depois de ter lido as publicações de Mathieu Fontaine Maury (1806-1873), fundador da oceanografia, escrevia-lhe em carta estas palavras que o grande sábio reproduzia com regozijo: «as vossas descobertas não nos ensinam só a seguir as rotas mais seguras e mais rápidas do oceano, mas ainda a conhecer as maiores manifestações da Sabedoria e Bondade do Omnipotente... Até ao dia em que tive conhecimento dos vossos trabalhos, atravessava os mares como um cego: não via, não concebia a magnifica harmonia daquele que vós chamais tão acertadamente a grande Ideia prima!» [1]
Os céus dizem-nos que foi mister essa Ideia prima, essa Inteligência Suma, para executar uma obra, por um lado tão complicada e ao mesmo tempo tão maravilhosa, pela sua ordem harmoniosa!
Quem não palpa a ordem magnífica que existe no universo inteiro! Com que precisão as leis que seguem o movimento dos astros se executam! Graças a essa precisão podemos dizer o dia, a hora, o minuto e o segundo em que a Lua, de aqui a mil anos, há-de ter um dos seus eclipses. À precisão e constância dessas leis sapientíssimas deveu o imortal Le Verrier (1811-1867) a descoberta importantíssima do planeta Neptuno; dobrado sobre a sua mesa de estudo, à força de cálculo, sem olhar para o céu, marcou o dia, a hora e o lugar em que devia aparecer o anunciado planeta. «Não me engano nem em 10 graus» — dizia ele. E lá apareceu, não chegando o erro nem a um grau: foi apenas 52 minutos [2].
Os corpos celestes formam as peças de um imenso relógio, por onde acertamos os nossos relógios e que tem sobre eles a vantagem de não se desconcertar, de não parar nunca, nem precisar de corda.
Ora, se para um simples relógio de bolso ou de pulso, a nossa razão reclama, absolutamente, um autor que tenha tido inteligência bastante para o fazer, como o não havia de reclamar, ao ver e estudar a grande máquina do universo? Por isso Balmes costumava dizer que trazia a prova da existência de Deus no bolso do colete: referia-se ao relógio.
Os céus anunciam a sabedoria de Deus! «No movimento regular dos planetas e dos seus satélites — diz Newton — assim como na sua direcção, no seu plano, no grau da sua velocidade rebrilha o sinal dos desígnios e o testemunho da acção de uma Causa que não é nem cega nem casual, mas que é sem dúvida altamente conhecedora da mecânica e geometria» [3].
Se atentamos na multidão dos Astros — só na Via Láctea há 100.000 milhões de estrelas das quais 33.000 são luminosas [4]; se ponderarmos na sua grandeza — o volume do sol, por exemplo, é 1.279.267 vezes igual ao da terra e pesado mede 2.000.000.000.000.000.000.000.000.000 de toneladas; se advertirmos a força velocíssima como se movem — a terra anda por hora 135.000 quilómetros — exclamamos necessariamente:
Os céus anunciam o imenso poder de Deus!
Se depois medirmos as distâncias que os separam uns dos outros — a estrela mais próxima de nós dista da Terra quarenta milhões de milhões de quilómetros; a estrela Polar 100 triliões de léguas, a estrela Capela 170 triliões de léguas; para lá chegar, em automóvel que andasse em linha recta 100 quilómetros à hora, precisávamos de milhares de séculos!!!... Como é certo que tudo isto nos diz que os céus anunciam a imensidade de Deus!
[1] Cfr. Eymieu, ob. cit., vol. I, pág.
[2] Ib. pág. 64.
[3] Em Zaccki, «Dio», pág. 391, cit. por Acção Católica Portuguesa.
[4] Cfr. Ignacio Puig, S.J., Actualidades Científicas, pág. 24, 1938. Diz este autor: «Este número de estrelas vivas é tão exorbitante, como as letras contidas numa biblioteca de meio milhão de livros de 400 páginas cada um. Para ler esta biblioteca, à razão de dez letras por segundo, sem interrupção de dia nem de noite, sem férias de nenhuma espécie, gastar-se-iam uns mil anos e para contar os 33.000 milhões de estrelas uns 200 anos, já que num segundo, quando muito, só se podem contar cinco estrelas. Ib., pág. 75
Mas não nos dizem, por isso, só que Deus existe, mas dizem-nos também quem Ele é. Dizem-nos que é Inteligência suma.
Um capitão de navio, depois de ter lido as publicações de Mathieu Fontaine Maury (1806-1873), fundador da oceanografia, escrevia-lhe em carta estas palavras que o grande sábio reproduzia com regozijo: «as vossas descobertas não nos ensinam só a seguir as rotas mais seguras e mais rápidas do oceano, mas ainda a conhecer as maiores manifestações da Sabedoria e Bondade do Omnipotente... Até ao dia em que tive conhecimento dos vossos trabalhos, atravessava os mares como um cego: não via, não concebia a magnifica harmonia daquele que vós chamais tão acertadamente a grande Ideia prima!» [1]
Os céus dizem-nos que foi mister essa Ideia prima, essa Inteligência Suma, para executar uma obra, por um lado tão complicada e ao mesmo tempo tão maravilhosa, pela sua ordem harmoniosa!
Quem não palpa a ordem magnífica que existe no universo inteiro! Com que precisão as leis que seguem o movimento dos astros se executam! Graças a essa precisão podemos dizer o dia, a hora, o minuto e o segundo em que a Lua, de aqui a mil anos, há-de ter um dos seus eclipses. À precisão e constância dessas leis sapientíssimas deveu o imortal Le Verrier (1811-1867) a descoberta importantíssima do planeta Neptuno; dobrado sobre a sua mesa de estudo, à força de cálculo, sem olhar para o céu, marcou o dia, a hora e o lugar em que devia aparecer o anunciado planeta. «Não me engano nem em 10 graus» — dizia ele. E lá apareceu, não chegando o erro nem a um grau: foi apenas 52 minutos [2].
Os corpos celestes formam as peças de um imenso relógio, por onde acertamos os nossos relógios e que tem sobre eles a vantagem de não se desconcertar, de não parar nunca, nem precisar de corda.
Ora, se para um simples relógio de bolso ou de pulso, a nossa razão reclama, absolutamente, um autor que tenha tido inteligência bastante para o fazer, como o não havia de reclamar, ao ver e estudar a grande máquina do universo? Por isso Balmes costumava dizer que trazia a prova da existência de Deus no bolso do colete: referia-se ao relógio.
Os céus anunciam a sabedoria de Deus! «No movimento regular dos planetas e dos seus satélites — diz Newton — assim como na sua direcção, no seu plano, no grau da sua velocidade rebrilha o sinal dos desígnios e o testemunho da acção de uma Causa que não é nem cega nem casual, mas que é sem dúvida altamente conhecedora da mecânica e geometria» [3].
Se atentamos na multidão dos Astros — só na Via Láctea há 100.000 milhões de estrelas das quais 33.000 são luminosas [4]; se ponderarmos na sua grandeza — o volume do sol, por exemplo, é 1.279.267 vezes igual ao da terra e pesado mede 2.000.000.000.000.000.000.000.000.000 de toneladas; se advertirmos a força velocíssima como se movem — a terra anda por hora 135.000 quilómetros — exclamamos necessariamente:
Os céus anunciam o imenso poder de Deus!
Se depois medirmos as distâncias que os separam uns dos outros — a estrela mais próxima de nós dista da Terra quarenta milhões de milhões de quilómetros; a estrela Polar 100 triliões de léguas, a estrela Capela 170 triliões de léguas; para lá chegar, em automóvel que andasse em linha recta 100 quilómetros à hora, precisávamos de milhares de séculos!!!... Como é certo que tudo isto nos diz que os céus anunciam a imensidade de Deus!
[1] Cfr. Eymieu, ob. cit., vol. I, pág.
[2] Ib. pág. 64.
[3] Em Zaccki, «Dio», pág. 391, cit. por Acção Católica Portuguesa.
[4] Cfr. Ignacio Puig, S.J., Actualidades Científicas, pág. 24, 1938. Diz este autor: «Este número de estrelas vivas é tão exorbitante, como as letras contidas numa biblioteca de meio milhão de livros de 400 páginas cada um. Para ler esta biblioteca, à razão de dez letras por segundo, sem interrupção de dia nem de noite, sem férias de nenhuma espécie, gastar-se-iam uns mil anos e para contar os 33.000 milhões de estrelas uns 200 anos, já que num segundo, quando muito, só se podem contar cinco estrelas. Ib., pág. 75
Subscrever:
Mensagens (Atom)