terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A EXISTÊNCIA DE DEUS - 03

Convém saber que o P.e Mariano, que foi um exilado da Primeira República, estudou em países como a Espanha, a Bélgica, a Áustria e a França. Era um homem muito culto. Pode-se verificar isto no site que lhe é dedicado em: http://causapadrepinho.home.sapo.pt/.

Mas não nos dizem, por isso, só que Deus existe, mas dizem-nos também quem Ele é. Dizem-nos que é Inteligência suma.
Um capi­tão de navio, depois de ter lido as publicações de Mathieu Fontaine Maury (1806-1873), fundador da oceanografia, escrevia-lhe em carta estas pala­vras que o grande sábio reproduzia com regozijo: «as vossas descobertas não nos ensinam só a seguir as rotas mais seguras e mais rápidas do oceano, mas ainda a conhecer as maiores manifestações da Sabedoria e Bondade do Omnipotente... Até ao dia em que tive conhecimento dos vossos trabalhos, atravessava os mares como um cego: não via, não concebia a magnifica harmonia daquele que vós chamais tão acertadamente a grande Ideia prima!» [1]
Os céus dizem-nos que foi mister essa Ideia prima, essa Inteligência Suma, para executar uma obra, por um lado tão complicada e ao mesmo tempo tão maravilhosa, pela sua ordem harmoniosa!
Quem não palpa a ordem magnífica que existe no universo inteiro! Com que precisão as leis que seguem o movimento dos astros se executam! Graças a essa precisão podemos dizer o dia, a hora, o minuto e o segundo em que a Lua, de aqui a mil anos, há-de ter um dos seus eclipses. À precisão e constância dessas leis sapientíssimas deveu o imortal Le Verrier (1811-1867) a descoberta importantíssima do planeta Neptuno; dobrado sobre a sua mesa de estudo, à força de cálculo, sem olhar para o céu, marcou o dia, a hora e o lugar em que devia aparecer o anunciado planeta. «Não me engano nem em 10 graus» — dizia ele. E lá apareceu, não chegando o erro nem a um grau: foi apenas 52 minutos [2].
Os corpos celestes formam as peças de um imenso relógio, por onde acertamos os nossos relógios e que tem sobre eles a vantagem de não se desconcertar, de não parar nunca, nem precisar de corda.
Ora, se para um simples relógio de bolso ou de pulso, a nossa razão reclama, absolutamente, um au­tor que tenha tido inteligência bastante para o fazer, como o não havia de reclamar, ao ver e estudar a grande máquina do universo? Por isso Balmes costumava dizer que trazia a prova da existência de Deus no bolso do colete: referia-se ao relógio.
Os céus anunciam a sabedoria de Deus! «No movimento regular dos planetas e dos seus satélites — diz Newton — assim como na sua direcção, no seu plano, no grau da sua velocidade rebrilha o sinal dos desígnios e o testemunho da acção de uma Causa que não é nem cega nem casual, mas que é sem dúvida altamente conhecedora da mecâ­nica e geometria» [3].
Se atentamos na multidão dos Astros — só na Via Láctea há 100.000 milhões de estrelas das quais 33.000 são luminosas [4]; se ponderarmos na sua grandeza — o volume do sol, por exemplo, é 1.279.267 vezes igual ao da terra e pesado mede 2.000.000.000.000.000.000.000.000.000 de toneladas; se advertirmos a força velocíssima como se movem — a terra anda por hora 135.000 quilóme­tros — exclamamos necessariamente:
Os céus anunciam o imenso poder de Deus!
Se depois medirmos as distâncias que os separam uns dos outros — a estrela mais próxima de nós dista da Terra quarenta milhões de milhões de quilómetros; a estrela Polar 100 triliões de léguas, a estrela Capela 170 triliões de léguas; para lá chegar, em automóvel que andasse em linha recta 100 quilómetros à hora, precisávamos de milhares de séculos!!!... Como é certo que tudo isto nos diz que os céus anunciam a imensidade de Deus!

[1] Cfr. Eymieu, ob. cit., vol. I, pág.
[2] Ib. pág. 64.
[3] Em Zaccki, «Dio», pág. 391, cit. por Acção Cató­lica Portuguesa.
[4] Cfr. Ignacio Puig, S.J., Actualidades Científicas, pág. 24, 1938. Diz este autor: «Este número de estrelas vivas é tão exorbitante, como as letras contidas numa biblioteca de meio milhão de livros de 400 páginas cada um. Para ler esta biblio­teca, à razão de dez letras por segundo, sem interrupção de dia nem de noite, sem férias de nenhuma espécie, gastar-se-iam uns mil anos e para contar os 33.000 milhões de estrelas uns 200 anos, já que num segundo, quando muito, só se podem contar cinco estrelas. Ib., pág. 75

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